Overtraining? Os sinais para entendê-lo - iODona

O clamor levantado pelas Borboletas acaba de parar. Ginastas se manifestaram contra o overtraining. Não apenas fisicamente. Pelo contrário. No entanto, eles não são os primeiros atletas profissionais a ter problemas com o estresse causado por exercícios e uma dieta rigorosa. Mesmo quem pratica esporte de forma não profissional, porém, pode correr o risco de ultrapassar. Não apenas com corridas muito longas ou sessões exaustivas na academia, mas também com escolhas alimentares erradas. Conversamos sobre isso com uma superespecialista, a professora Daniela Lucini, chefe do Serviço de Medicina Esportiva e Exercício Físico do Irccs Auxologico Capitanio de Milão.

Treino certo? Cuidado se perder muito peso

Pode parecer trivial, mas nenhum tipo de treino funciona se quem o pratica não tem energia suficiente para realizá-lo. Quer pratique desporto como profissional ou pratique atividade física por paixão, o importante é ter uma alimentação equilibrada para o seu esforço físico. «A dieta certa melhora o desempenho mesmo em atletas profissionais. E acima de tudo, evite que o desempenho seja reduzido! Para desenvolvê-la, é preciso um médico especializado, que saiba levar em consideração não só a quantidade de energia suficiente para um desempenho esportivo, mas também o físico do atleta e o esporte que ele deve praticar» explica Lucini.

Jejum deve ser evitado por todos

É bastante intuitivo entender que nem todos os esportes queimam as mesmas calorias. Muito também depende do peso, altura e idade de quem pratica aquela atividade física.Não faz sentido e, de fato, é realmente contraproducente evitar comer para ser mais eficiente. Ou reduza drasticamente a ingestão de calorias. "Você só correria o risco de afetar a massa muscular com danos aos músculos e muito mais" conclui Lucini. Seja você um atleta profissional ou se preparando para as várias maratonas com velhos amigos, o jejum nunca deve ser praticado. Nem para perder peso rapidamente, nem para se sentir mais leve antes de uma corrida. «Claro que se praticas desporto de alto nível, ou mesmo se ambicionas ter bons resultados apesar de não seres profissionais, alguns sacrifícios têm de ser feitos. E não apenas antes das competições», esclarece Daniela Lucini, que também é professora titular de Ciências do Exercício e do Esporte na Universidade de Milão.

Como controlar a fome

Para que o treino seja eficaz é importante reduzir o consumo de alimentos que dão muitas calorias mas que não aumentam a massa muscular.Então, se é verdade que você não precisa jejuar, ou reduzir pela metade a ingestão calórica durante a noite, também é verdade que álcool, bebidas doces, salgadinhos, doces, biscoitos e outras iguarias ricas em açúcares e gorduras devem ser eliminados da sacola de ginástica. «A sensação de fome, no entanto, deve ser gerenciada. Caso contrário, a longo prazo deixa-te nervoso e diminui o desempenho», explica o especialista. Ou leva a uma compulsão pós-jogo, que leva ao jejum no dia seguinte, criando um círculo vicioso que inutiliza o treino, porque faz mais mal do que bem ao corpo. «Por exemplo, para preencher o vazio no estômago pode comer um iogurte ou um punhado de frutos secos, ou snacks especiais que o enchem de “boas” calorias» explica Lucini.

Cuidado com a “tríade do atleta”

Quem pratica treinos constantes e desafiadores, mas não tem uma ingestão calórica correta a longo prazo, enfrenta três grandes problemas, que muitas vezes afetam atletas muito jovens mas não só.O primeiro sinal de alarme é o desaparecimento da menstruação ou alterações do ciclo. Começam então os problemas de massa óssea, com risco de desenvolver osteoporose mesmo em mulheres jovens. Mas não é só isso, a quantidade de energia é tão reduzida que mesmo que você continue treinando constantemente, os resultados ficam cada vez mais ruins.

Se as lesões se tornarem frequentes

Mesmo quem não pratica treinos como os profissionais do esporte pode sofrer pequenas lesões, desde uma entorse de tornozelo até uma rotura. Se, no entanto, estes “acidentes” se tornam frequentes, como um por mês ou até mais, então é necessário rever o programa de treino «Não são só os desportistas que se magoam, muito pelo contrário. Mas quem pratica desporto por prazer, sobretudo se não for acompanhado por um personal trainer verdadeiramente formado, corre o risco de se lesionar com mais facilidade, sobretudo se for muito magro», esclarece o especialista. Mesmo as cãibras no final da sessão, ou durante o treino, devem ser suspeitas, principalmente se ocorrerem com frequência.A suplementação é necessária, mas é melhor consultar primeiro um médico do esporte ou um especialista na área.

Não para sessões muito intensivas

Outro erro que quem gosta muito de esportes costuma cometer é se sentir culpado. Se durante a semana não conseguiste praticar os treinos normais, tentas recuperar ao longo do fim-de-semana, correndo mais ou prolongando a tua actividade no ginásio. “Isso só causa estresse ao organismo. Uma coisa é fazer um pouco mais de alongamento ou alguns exercícios adicionais de relaxamento, outra é dobrar o treino para compensar o tempo perdido», esclarece o especialista. Todos os músculos sobrecarregados, com dores e contraturas nos próximos dias, vão pagar o preço deste treino intensivo.

Até o treino pode ser estressante

Não há necessidade de pensar em um treinador estilo fuzileiro naval.Para obter benefícios do esporte é preciso ter um programa de treinamento correto também do ponto de vista psicológico. Não são apenas patinadores medalha de ouro ou atacantes da Série A que deixam de ter bons resultados, porque estão muito estressados com o treinamento atlético que estão fazendo. Quem ama esporte, mas não o pratica como profissão, corre ainda mais o risco de ter como personal trainer alguém que ainda acredita que tudo vem de lágrimas e suor. E isso se torna prejudicial, principalmente se o atleta for criança ou adolescente. «Os melhores treinadores de equipas profissionais têm agora todos a ajuda de um psicólogo desportivo, porque têm a certeza de que não adianta "chicotear" os seus atletas» explica o professor Lucini. «O psicólogo desportivo é importante não só para quem, infelizmente, já apresenta sintomas de desconforto, mas também para quem não os tem, quer preveni-los e quer melhorar o seu desempenho» conclui o especialista.

Mais atenção para as crianças

«Principalmente se se trata de menores, deve haver pressão desportiva, mas nunca deve ultrapassar certos limites» esclarece o especialista. Como saber se o técnico do time de seu filho passou dos limites? Do desempenho e seu humor. Se o garoto piorar, apesar de estar em forma, algo está errado com o treinamento dele. E não se fala que é necessariamente a parte técnica que tem problemas. Pelo contrário. Se ele não está feliz em ir treinar, algo está errado!

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