Moda e cinema: quando os estilistas assinam os figurinos

Certamente não é novidade que as diversas formas de arte estejam intimamente ligadas e em diálogo umas com as outras. A relação que existe entre moda e cinema, porém, atingiu patamares inimagináveis e resultados icônicos. Duas disciplinas visuais que pretendem contar uma história, uma evolução, um passado, narrados pelas linhas de um roteiro e por mudanças de olhar, revelando nuances, maisons de certo peso. Com efeito, a parceria entre realizadores e designers acrescenta tridimensionalidade às personagens, torna-as credíveis, enfim: torna-as reais. De Prada e Baz Luhrmann a Giorgio Armani e Brian De Palma, moda e cinema nunca estiveram tão ligados.

Produtora assinada por Saint Laurent

A maison liderada por Anthony Vaccarello tornou-se a primeira casa de moda de luxo a incluir uma verdadeira produtora de filmes, a Saint Laurent Productions, entre suas atividades. Uma novidade inédita que reafirma a atenção da marca a outras disciplinas artísticas, destacando também a centralidade e importância do cinema na obra de Vaccarello. «Quero trabalhar e dar espaço a todos os grandes talentos do cinema que me inspiraram ao longo dos anos», declarou o diretor criativo. Assim começamos com Pedro Almodóvar e seu Estranho Modo de Vida, estrelado por Ethan Hawke e Pedro Pascal (e figurinos de Vaccarello), que será estreado no 76º Festival de Cinema de Cannes. Os próximos projetos em andamento? Com Paolo Sorrentino e David Cronenberg.

De Chanel a Givenchy, o eterno amor entre moda e cinema

São muitos os designers que, a partir dos anos cinqüenta do século passado, ampliaram seu campo de atuação até a sétima arte. Coco Chanel, por exemplo, em 1961 desenhou os figurinos de Delphine Seyrig no filme de Alain Resnais O Ano Passado em Marienbad. Os elementos distintivos da estética Chanel apareceram diante da câmera: os vestidos suntuosos, o decote bicolor, as inevitáveis pérolas. Um trabalho semelhante ao realizado por Yves Saint Laurent para o filme Bella di Giorno (1967), que vestiu Catherine Deneuve com casacos trespassados, jaquetas saarianas, ternos de dia muito elegantes. Inaugurando uma colaboração duradoura e uma amizade decenal.

O vestido mais icônico do cinema, no entanto, continua sendo o criado por Hubert de Givenchy para Audrey Hepburn em Breakfast at Tiffany's (1961). Um vestidinho preto justo, complementado com colares de pérolas e luvas compridas, usado por Holly Golightly em seu passeio matinal em frente às vitrines da Tiffany & Co.Os figurinos criados por Paco Rabanne para Jane Fonda em Barbarella (1968) não tiveram o mesmo eco, mas ainda assim permanecem lendários. O "metalúrgico da moda" inaugurou a estética da era espacial que se tornaria sua marca registrada, incluindo bodys de cano alto, minivestidos de malha metálica e botins de astronauta.

sapatos de Marie Antoinette, tutus de Natalie Portman

Enquanto os anos 80 marcavam o surgimento de um novo ideal de beleza e masculinidade, com o Gigolo americano interpretado por Richard Gere e vestido de Giorgio Armani, em 1997 Jean Paul Gaultier deu forma ao universo futurista de Luc Besson no filme O Quinto Elemento. Perfeitamente posicionada entre o passado e o presente, a Maria Antonieta de Sofia Coppola usa escarpins Manolo Blahnik à moda de Carrie Bradshaw. Já o Cisne Negro interpretado por Natalie Portman, no ato final do filme de Darren Aronofsky, usa dois figurinos feitos por Laura e Kate Mulleavy, da Rodarte.

Aquela entre o diretor Baz Luhrmann e Miuccia Prada já tem a aura de uma parceria de significado histórico, que para o filme O Grande Gatsby (2013) imaginou vestidos cintilantes, acessórios de peles, sedas preciosas e diamantes brilhantes. Uma colaboração repetida várias vezes, a última no ano passado para Elvis, a história do rei do rock'n'roll cuja lenda também passa por suas roupas lendárias.

O prelúdio de outras colaborações imperdíveis entre moda e cinema.

Artigos interessantes...