Cerâmica: os benefícios da manipulação da argila na mente

É uma tendência que vem se espalhando há algum tempo e, após a pandemia, ganhou novo fôlego: os cursos de cerâmica fazem cada vez mais sucesso. Considerado da mesma forma que ioga e pilates, moldar a argila, sujar as mãos, moldar a argila ao seu gosto, tornou-se um dos melhores aliviadores do estresse. Um grande ensinamento que você aprende nesses cursos? «A possibilidade de errar, de nem sempre ser perfeccionista» explica Daria Dazzan, fundadora do Mani Milano Lab, um laboratório de cerâmica a poucos passos do Navigli.

A cerâmica e a vontade de fazer algo concreto

Todos temos em mente a cena de Ghost, quando Demi Moore ensina Patrick Swayze a arte do barro. Mas, sensualidade à parte, há muito mais por trás da cerâmica modeladora. Não é por acaso que esses cursos estão superando os de ioga e pilates em inscrições e que algumas contas do Instagram já ultrapassaram um milhão de seguidores. Um acima de tudo Tortus, fundado pelo ceramista Eric Landon, que oferece cursos de cerâmica muito populares no Brooklyn. E esse não é o único caso.

Por que essa grande curiosidade e sucesso dos cursos de cerâmica? “Talvez todos nós tenhamos a necessidade de fazer algo, literalmente. Não basta mais ficar horas sentado em frente ao computador, há o desejo de algo mais concreto. Além de serem cursos verdadeiramente adequados para todos, independentemente das habilidades manuais de cada um» explica o fundador do laboratório milanês.

Os benefícios antiestresse da cerâmica no corpo e na mente

Os cursos de cerâmica estão assim a revelar-se não só terapêuticos, tanto que falamos de terapia de cerâmica, mas sobretudo são muito semelhantes aos cursos de mindfulness. Dedicar-se ao barro, ao movimento da roda, usar as mãos para criar algo exige necessariamente que você esteja focado naquilo que você está literalmente criando. Por isso, não deixa espaço para outras reflexões, pondo assim de parte os seus próprios problemas: «Basta dizer que durante os nossos cursos, durante as duas horas de aulas, ninguém nunca pega no telemóvel. Parece óbvio, mas não é assim» explicam da oficina de cerâmica.

Adicionado a isso, obviamente, está o grande exercício que se faz de concentração: em uma época em que o nível de atenção é cada vez mais baixo, um estudo realizado pela Tate Modern em Londres mostrou que oito segundos é a média tempo que cada visitante dedica a uma obra de arte, um curso de cerâmica estimula muito a atenção e a concentração.Além de ser um estímulo contínuo para o cérebro: a argila é na verdade algo plástico, em movimento contínuo que desafia a mente e as pessoas a se adaptarem constantemente encontrando soluções criativas alternativas em tempos bastante curtos.

Aprendendo a jogar, a desapegar e ser menos perfeccionista

«Gostamos de dizer que a cerâmica é o novo yoga: colocar as mãos na massa é um verdadeiro calmante. A par da cozinha, esta também tem um forte poder criativo a que se junta a abstracção: técnica à parte, tudo é muito espontâneo, abre-se um bocado, dá-se mesmo a oportunidade de brincar com o material. Um conceito, o de brincar, que tendemos a esquecer quando adultos porque somos muito mais disciplinados» explica Daria.

Momento em que te deixas levar, portanto, deixando de lado até o perfeccionismo: «Quando estás na frente da defesa, também podes cometer erros.É um luxo que muito pouco se oferece agora e que cria um espaço de autoaceitação que também influencia a vida cotidiana. Digamos que você aprenda a ser um pouco mais suave consigo mesmo», conclui Daria Dazzan.

Artigos interessantes...