Por que você não fica amiga do seu ex? relacionamentos ruins

Querida Ester,a mídia social (também) arruinou nossas vidas (eu acho). Tem razão quando escreve que em 1994 amar significava pagar uns cêntimos por SMS. Lembra daquela ansiedade? O amor de nós é inseguro – mas quem é seguro no amor? – estava pagando o comprovante de devolução e também o SMS. Em suma, o Jurássico. Mas nenhum elogio dos bons velhos tempos. Sei bem que a dor hoje assume cada vez mais a forma dessa vida do outro que continua mundialmente no Instagram. Mas sem você. Eu me pergunto e pergunto para aqueles que te bloqueiam nas redes sociais e no whatsapp (claro, há coisas mais sérias para pensar, claro, eu sei, nada) exatamente quais problemas eles têm? Um fenômeno cada vez mais difundido em todas as idades.Uma coisinha inútil. Você sabe disso, certo? A foto do perfil de alguém que você amava desaparece, substituída por um homenzinho cinza. O Facebook engloba todas as marcas de qualquer momento bonito que vocês viveram juntos. Um golpe e tudo se foi. Quem dera fosse assim tão fácil, seus covardes. Que ilusão magnífica.

Ignoram que o tempo apaga tudo. Mas o homenzinho grisalho fica lá, lá no fundo, soterrado por outras conversas, de vez em quando te olhando do chat do whatsapp. Em vez disso, uma boa memória deve ser deixada para trás. Pelo menos tente. Como naqueles versos de Giovanni Raboni: “Peço apenas isto: seja sempre luz, por mais querido que você seja para mim”.

Oi Esther, obrigada.

B.

Resposta de Ester Viola

"

Ester Purple

Caro B.,

Viva Raboni e ser querido por todos, mas também não dar a mínima de forma comedida e recíproca não é ruim.

Esqueça, esqueça. Sem nem a vaga lembrança: o que você quer, mesmo as provas de civilização com o ex? Devemos nos estimar após a morte? Por que? É necessário?

Saber o quanto as coisas estão cheias é um poço de felicidade para quem consegue.

Quantas perguntas você me faz, B. Vale a pena, não vale a pena, vale? A atenção retroativa do passado é melhor ter ou não ter? O que eu sei. Mas então, afinal, atenção não é tudo implorado? Mas quem os quer. Não seria melhor ser o tipo de pessoa que não precisa de atenção – que é sempre a melhor maneira de se cobrir?

Todos eles parecem errados para mim. E então, antes de mais nada, calma: evitar parcelas sentimentais é uma arte, e ninguém tem. Vai bem e mal sem regras. O melhor seria não se importar com isso, confiar no tempo, ter perdido um amor, apenas dizer tudo bem.Vamos ver a seguir. Devemos renascer mais atentos ao prático e mais insensíveis da próxima vez. Vamos lembrar disso.

Você está me pedindo para tirar a bola de vidro para responder a uma pergunta, é a pergunta ociosa que algumas vezes é a vez de todos: dado esse sangue de peixe, esse sujeito semifrio que se despediu de mim:

Existe alguma esperança de transformá-lo em alguém que me ama? Em alguém que ainda me ama então?

Já dissemos que as formas que o amor começa são infinitas e estúpidas, mas depois o funil se estreita.

1) nem começa (amém),

2) começa (te deum!)

3) principalmente termina (pulvis et in pulverem reverteris)

4) não pode continuar (gaudium magnum)

Depois de 3) – que já é um sucesso épico – como evolui?

Depende. Várias maneiras. Quem prefere ostentar o título "ah mas temos um relacionamento excelente" quem não.

E então me conte sobre aquele pequeno horror, B., os andares inferiores da coluna Whatsapp. E você me deixa triste. Quem nunca foi lá, às vezes. É como entrar em uma casa assombrada.

Tenho idade para ter perdido alguém importante. Acontece, perder alguém que era importante. Fica um vazio, e cada vez que o pensamento volta a ele, as lágrimas correm. Então o pensamento aprende depois de um tempo e não volta mais para ele. O que não é esquecer, é evitar cuidadosamente. Quero dizer, lembre-se de não pensar nisso.

Perder alguém neste milênio é diferente. romper. Mesmo morrer não é o que costumava ser. Um morto sobrevive em mensagens de voz, chats, fotos, e-mails. Os mortos estão por toda parte. Eu podia ouvir a voz, as vogais estão lá. Eu poderia rever as fotos, tenho os e-mails, posso rever no Twitter.

Whatsapp, quando você desce a coluna até o fundo, é um cemitério portátil, uma vila fantasma. Eu nunca saio, no final do whatsapp.

Esse nome cai, e mais e mais. E você nunca vai para o final dessa coluna. As fotos não serão reabertas. Bate-papos são ilegíveis. As mensagens de voz não são reproduzidas. Defesa própria. Há um limite para o que se pode suportar, e as memórias não devem assumir outras dimensões que não sejam as da memória (a memória felizmente ajuda depois de algum tempo e traz a névoa onde a névoa é necessária).

Para voltar para nós, B. O homenzinho cinza faz o que quer, vamos para a praia em um mês.

Leia todos os episódios de “Relacionamentos Defeituosos de Ester Viola” aqui.

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