Vitiligo: como impacta o paciente e quais os novos tratamentos – iO Donna

Vitiligo não é um simples problema estético, mas sim uma doença real que carrega um fardo psicológico e socioeconômico considerável. Uma doença autoimune crônica que afeta entre 0,5 e 2% da população global. Manifesta-se com manchas brancas em diferentes partes do corpo. Embora a modelo Winnie Harlow tenha feito disso o seu forte, para 3 em cada 5 pacientes, o vitiligo afeta negativamente sua auto-estima e 9 em cada 10 enfrentam o estigma associado à sua condição. Para chamar a atenção para essa patologia há muito subestimada, fizemos um balanço das perspectivas futuras com os especialistas.

Uma doença autoimune

Vitiligo é causado pelo ataque do sistema imunológico e destruição das células que produzem melanina. «O vitiligo é, portanto, uma doença imunológica como a psoríase, a artrite reumatóide ou o lúpus, estando frequentemente associada a outras doenças autoimunes, como a tiroidite autoimune que afeta 25-35% dos doentes com vitiligo, diabetes autoimune ou artrite reumatóide», explica o Professor Mauro Picardo, professor da Universidade Internacional UniCamillus de Roma e coordenador da força-tarefa europeia sobre o vitiligo.

O que é Vitiligo

«É a patologia mais frequente do sistema pigmentar. Pertence ao grupo das doenças inflamatórias crónicas da pele e caracteriza-se pela morte dos melanócitos, as células que dão cor à pele, com o consequente aparecimento de áreas brancas despigmentadas em diferentes partes do corpo. É uma doença crónica-degenerativa complexa e não é apenas um problema estético», sublinha o Professor Picardo.

Quando aparecer

«O desenvolvimento da doença depende em parte de uma predisposição genética e de fatores ambientais capazes de ativar o mecanismo autoimune: estima-se que 25-30% dos pacientes tenham histórico familiar de vitiligo. A doença pode surgir em qualquer idade, incluindo a idade pediátrica, mas a maior incidência regista-se entre os 20 e os 40 anos», continua o especialista.

Perspectivas terapêuticas

«O gold standard terapêutico é a fototerapia, um tratamento que nem sempre é eficaz e não é específico. De fato, até o momento, na Itália, não temos medicamentos estudados especificamente para essa patologia. Nas últimas décadas, porém, a investigação tem produzido resultados muito interessantes e nos EUA já foi aprovada uma pequena molécula que actua inibindo a via de sinalização das Janus quinases (JAK) que se encontram particularmente sobreexpressas nos portadores da doença», continua o Professor Picardo.

O impacto econômico

Um estudo observacional retrospectivo promovido pelo Incyte e realizado em dados relativos à assistência hospitalar, farmacêutica e ambulatorial especializada fornecida pela ASL 2 Umbria de 2014 a 2018, mostrou que o custo anual de um paciente com vitiligo é igual a 1.653 euros, com pico de 5.000 euros para pacientes com comorbidades. «Os dados deste estudo indicam fortemente o peso socioeconómico do vitiligo e parecem sugerir que é essencial reduzir as comorbilidades para reduzir o seu impacto nos custos diretos dos cuidados de saúde. De facto, se olharmos para os custos dos sujeitos jovens e para os custos das comorbilidades, percebemos a importância de desenvolver um modelo de gestão que inclua diagnóstico e tratamento precoce», sublinha o Professor Francesco Saverio Mennini, Diretor de Investigação – Avaliação Económica e HTA, CEIS , Universidade de Roma "Tor Vergata" e presidente Sihta.

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