Lucio Fontana está em exposição na Fundação Magnani-Rocca

Chama-se “Lucio Fontana. Auto-retrato. Works 1931-1967” a exposição montada na Fundação Magnani-Rocca em Mamiano di Traversetolo (Parma), que até 3 de julho permite que você se aproxime de um artista que deixou uma marca peculiar na arte do século XX.

Nascido na Argentina em 1899 de pais italianos, Lucio Fontana também é conhecido por quem não é apaixonado pela arte do século XX por seus famosos cortes em telas. Uma provocação? Não, um gesto com um significado preciso. A exposição da Fundação Magnani-Rocca oferece a oportunidade de compreender o pensamento do artista.

Os anos figurativos

A chave para entender a exposição é uma longa entrevista entre a historiadora da arte Carla Lonzi (1931-1982) e Lucio Fontana. Estamos em 1967, o artista fala de si mesmo em seu ateliê no Corso Monforte em Milão. Ele já tem 68 anos e esta entrevista - que pode ser ouvida no arquivo original da Fundação Magnani-Rocca - é uma espécie de testamento, no qual Fontana refaz as etapas marcantes de sua arte e de sua pesquisa. De facto, faleceu no ano seguinte, em 1968. Estão expostas várias obras dos anos em que o artista ainda tinha uma abordagem figurativa, entre as quais O Arpão (ou Pescador) criado em 1933-34.

A revolução dos buracos

Aí, aos poucos, Lucio Fontana começa a experimentar novos caminhos. Em 1946, lança as bases do Espacialismo: a arte tal como era até então ultrapassada, a modernidade e a tecnologia impõem novas dimensões.Espaço, tempo, movimento, som, luz entram em jogo. Sua revolução são os furos na tela, que fez pela primeira vez em 1949, quando tinha quase cinquenta anos. Uma demonstração de sua extraordinária energia criativa, capaz de romper com o passado e inovar radicalmente. Por que os buracos? Ao rasgar a tela, a pintura quase não é mais necessária: o artista abre uma janela para o infinito. A conquista do espaço a partir da década de 1950 influenciou o imaginário da época e também do artista. O espaço infinito é um vazio, no qual o homem é minúsculo, mas sua aspiração de ir além se materializa no gesto de furar e cortar. Além da Terra, além da tradição e das convenções. Além de Deus, que é invisível e inconcebível.

Procure jovens talentos

A coleção particular de Lucio Fontana está localizada na última sala. O artista, na fase mais madura de sua vida, sempre esteve atento à produção de jovens talentos emergentes.De Alberto Burri a Enrico Baj, de Piero Manzoni a Luciano Fabro, as obras expostas denotam a curiosidade de Fontana por novidades. A exposição é ainda enriquecida pelas fotografias de Ugo Mulas, que retratou o artista em obra a partir de 1954.

Uma coleção preciosa

A visita à exposição dedicada a Lucio Fontana é uma oportunidade para conhecer a Villa dei Capolavori, que também abriga um acervo permanente de grande relevância, que por si só já vale a visita. Vai do século XIV com Gentile da Fabriano e Giovanni del Biondo até De Chirico e De Pisis, passando por Dürer, Ticiano, Rubens, Van Dyck, Goya, Monet, Cézanne e Renoir. Esta coleção é fruto da paixão de Luigi Magnani (1906-1984), musicólogo, crítico musical e escritor apaixonado por arte. Vindo de uma família rica – seu pai Giuseppe era um empresário de laticínios, sua mãe Eugenia uma nobre da Ligúria – em 1977, Luigi homenageia a memória de seus pais ao estabelecer a Fundação, instalada na vila onde residia a família Magnani a partir de 1941.A coleção reúne diversas obras de Giorgio Morandi, adquiridas por Luigi ou doadas pelo artista, que era amigo pessoal do colecionador. Entre as pinturas mais famosas da Villa dei Capolavori, destaca-se a família do infante don Luis (1783-84) de Francisco Goya. A artista retrata os catorze membros do núcleo familiar de Dom Luís de Bourbon, irmão do rei, casado desde a renúncia para se tornar cardeal. À esquerda, o pintor espanhol também se soma à obra.

Um passeio pelo parque

Depois de visitar a exposição Lucio Fontana e o acervo permanente, não deixe de reservar um tempo para um passeio no romântico parque da Villa, de 12 hectares, que inclui também um jardim italiano com sebes de buxo. As árvores, que provavelmente datam do século 19, quando o parque foi criado, são uma maravilha. Há cedros e plátanos monumentais, que impressionam pela sua majestade.Entre as plantas, você verá inúmeros pavões passeando livremente – os clássicos pavões reais com corpos azuis e os pavões totalmente brancos – que acrescentam charme a este oásis verde no meio do campo.

O bilhete de entrada (12 euros) é válido para a exposição Lucio Fontana e também para a coleção permanente e parque. Informações: www.magnanirocca.it

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