# Aprendi que os alimentos nunca devem ser jogados fora. O conselho anti-desperdício

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Dietas e Nutrição#Eu aprendi

Barricados em casa, inventamos receitas, aprendemos a fazer pão, amassar pizzas. Foi uma redescoberta. Voltamos a perceber que a comida precisa de sobrevivência, que conta histórias antigas, que traz emoções.

Na maioria das vezes deveríamos ter entendido que a comida não é uma mercadoria. E se não for qualquer coisa, mas tiver um valor, não o jogamos fora.

Seria extraordinário para o bem do planeta se da Covid-19, com as filas dos supermercados e as compras planejadas, tivéssemos aprendido a lição de que não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar. Caso contrário, nova saída, máscara, luvas, remo.

Talvez tenhamos aprendido, com alimentos arduamente conquistados, que podemos cozinhar e comer tudo o que comprarmos.

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Em 2021-2022, todas as famílias italianas jogavam comida no lixo por 5 euros por semana. Somado ao valor dos alimentos perdidos ao longo da cadeia de abastecimento, sai 11,5 bilhões para o nosso país (dados do Waste Watcher, National Observatory on waste).

Um mau negócio para a carteira e para o meio ambiente. Significa que quilos de alimentos foram produzidos e transportados vazios, apenas para acabar no lixo, por desprezo ao uso da água, uso da terra e emissão de gases de efeito estufa.

Nos últimos anos, os ocidentais acumularam peitos de frango, queijos, carnes curadas, embalagens “três por dois”, segundo as melhores tradições da ganância aos olhos do consumismo desenfreado. Demais.

Os cálculos da FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, na cadeia de abastecimento e nas residências, são horríveis. No total, estima-se que um terço de todos os alimentos produzidos para humanos são perdidos ou desperdiçados. Estamos falando de cerca de 1,3 bilhão de toneladas por ano.

Resíduos se referem a alimentos que são próprios para consumo, mas são descartados com conhecimento de causa no varejo ou em casa. A FAO sugere nove práticas ao alcance de todos, que podem ser resumidas na galeria acima.

A perda, por outro lado, ocorre antes que o alimento chegue ao consumidor devido a problemas nas fases de produção, armazenamento, processamento e distribuição.

Uma quantidade imprudente de comida é excluída antes de chegar ao mercado, porque permaneceria não vendida: peixes, exceto dourados e robalos, pedaços de carne não preciosos, frutos granulados.

O capricho do consumidor pede maçãs brancas de neve e morangos fadas. Como se fossem estatuetas para guardar nas prateleiras e não vegetais que saem das árvores e que, como nós, têm seus amassados, suas cicatrizes.

O impacto dos alimentos produzidos e não consumidos é tal que representa uma espécie de nação sem dignidade que ocupa o terceiro lugar em emissões de gases de efeito estufa, atrás apenas dos Estados Unidos e da China.

E os gases do efeito estufa são responsáveis pelo aquecimento global, porque retêm o calor do sol na Terra como as estufas que amadurecem os tomates mesmo no inverno.

Se não houvesse desperdício, a produção global de alimentos seria suficiente para alimentar 12 bilhões de pessoas, deduziu a associação italiana Slow Food. Dois bilhões a mais do que os habitantes esperavam em 2050.

Claro, para tornar a cadeia de abastecimento eficiente, empresas e governos devem intervir. Mas minimizar o desperdício pode ser uma forma simples de cada um de nós contribuir para conter o aquecimento global e as mudanças climáticas.

Não podemos mais imaginar viver sem respeitar o planeta que nos hospeda, os desnutridos, os que regaram, pescaram ou coletaram. A cada ano, desperdiçamos cerca de metade de toda a nossa produção de frutas e vegetais e mais de 20 por cento da carne produzida. O equivalente à perda de 75 milhões de vacas.

Eliana Liotta ela é jornalista, escritora e divulgadora da ciência.

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